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Por Wilton Medeiros: O Brasil não tem o que comemorar no dia da pessoa com deficiência

Hoje, a ONU celebra o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma data que deveria simbolizar progresso, inclusão e dignidade. No entanto, para muitos de nós, pessoas com deficiência no Brasil, este dia é mais um lembrete da dura realidade que enfrentamos diariamente.

Ainda convivemos com a falta de acessibilidade, a ausência de visibilidade e um mercado de trabalho que insiste em nos ignorar. Apesar de possuirmos leis que promovem a inclusão, elas muitas vezes permanecem no papel. O governo, de maneira geral, não implementa políticas públicas efetivas que criem oportunidades reais para pessoas com deficiência.

A minha história é um reflexo desse cenário. Sou pós-graduado em Jornalismo Digital e Ciências Políticas, acadêmico do sexto período de Direito, e mesmo com essa formação, continuo enfrentando a barreira do preconceito e da exclusão. Ser preto, pobre e pessoa com deficiência ainda significa lutar contra um sistema que insiste em negar oportunidades.

O que o governo nos oferece? Um salário mínimo do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que mais parece uma tentativa de nos aprisionar em casa, silenciados e conformados com a exclusão. Mas não é isso que queremos. Queremos trabalhar, contribuir, ter autonomia e viver com dignidade.

Neste dia, não há o que comemorar. O que há é um apelo: que a inclusão saia do discurso e se torne ação. Eu trocaria, sem hesitar, o benefício do BPC por um salário justo em qualquer lugar deste país. Mas, enquanto as oportunidades não chegam, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência será, para muitos de nós, um dia de reflexão sobre as injustiças que persistem.

*José Wilton de Medeiros*
Pós-graduado em Jornalismo Digital, Ciências Políticas, e acadêmico do sexto período do curso de Direito pela Universidade Potiguar.

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