O “Rota 22”, projeto de Rogério Marinho para tentar reposicionar seu nome no tabuleiro político do Rio Grande do Norte, virou sinônimo de fiasco retumbante em Pau dos Ferros. O evento, realizado com toda pompa e circunstância no pequeno auditório de um hotel da cidade, não apenas fracassou em encher o local — já modesto — como também escancarou a fragilidade da articulação política de Marinho e seu grupo.
Mesmo com a presença do deputado Carmelo Neto (PL-CE), jovem aposta bolsonarista para atrair público e imprensa, o cenário foi constrangedor: cadeiras vazias, aplausos tímidos e uma sensação de completo desinteresse popular. Nem mesmo o aparato de mobilização do Partido Liberal (PL) nacional, que jogou peso em marketing, logística e mídia, conseguiu mascarar o desânimo generalizado.
A escolha de um espaço pequeno — e ainda assim incapaz de ser preenchido — revelou mais do que despreparo: mostrou a distância abissal entre a narrativa que Rogério Marinho tenta construir e a realidade da sua aceitação pública. O fracasso de público se tornou símbolo da crescente desaprovação de Marinho no RN, onde a população parece ter cansado de promessas vazias e projetos de palanque.
Apesar das declarações ensaiadas de que Rogério Marinho será pré-candidato ao Governo do Estado em 2026, a verdade é que seu nome patina nas pesquisas de opinião. Segundo levantamento recente do Instituto Exatus (março de 2025), Marinho aparece com apenas 8% das intenções de voto, distante do atual prefeito de Mossoró Allyson Bezerra, que lidera com 42% e mantém a dianteira mesmo sem anunciar oficialmente sua pré candidatura.
A desaprovação de Rogério Marinho entre os potiguares tem raízes profundas. Durante sua passagem pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, Marinho foi alvo de críticas intensas pela má gestão de obras no estado, pela falta de políticas públicas efetivas para o semiárido e pelo alinhamento incondicional ao governo Bolsonaro, hoje rejeitado por ampla parcela do eleitorado potiguar. Sua imagem ficou atrelada ao abandono de obras federais e à política do “palanque sem entrega”.
Além disso, nem mesmo a injeção de recursos e o suporte explícito da máquina partidária nacional têm sido suficientes para alavancar seu projeto. O favoritismo de Allyson Bezerra permanece sólido, calcado na sua gestão popular à frente da prefeitura de Mossoró e na habilidade de dialogar com diversas camadas da população.
O “Rota 22” em Pau dos Ferros, que deveria ser um ato de demonstração de força, acabou sendo, na prática, um retrato melancólico da debilidade política de Rogério Marinho. Um fiasco que já prenuncia a dificuldade que ele enfrentará para transformar suas pretensões de governo em realidade.
Enquanto isso, o povo do RN — atento e cansado de velhos discursos — parece já ter feito sua escolha: a aposta não será mais em promessas ocas, mas em quem, de fato, entrega resultados.