O enredo se repete e, mais uma vez, os professores do Rio Grande do Norte enfrentam a intransigência e a falta de compromisso do governo Fátima Bezerra. Durante a audiência realizada nesta segunda-feira (17), a proposta apresentada pelo Executivo Estadual não passou de um remendo improvisado: um parcelamento indecente de 4% em abril e o restante apenas em dezembro. Isso sem sequer tocar na questão dos retroativos, que seguem sem qualquer definição.
A pergunta que não quer calar é: como uma governadora que se vendeu ao eleitorado como “professora e defensora da educação” pode virar as costas para a própria categoria? Parece que, ao assumir o governo, Fátima trocou o giz pela caneta da burocracia e esqueceu completamente suas raízes.
Os educadores, que já enfrentam salas de aula sucateadas, falta de estrutura e desvalorização diária, agora precisam lidar com um governo que não negocia, não respeita e, pior, insiste em soluções paliativas que sequer garantem o mínimo necessário para a dignidade da classe. O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), outro direito essencial, continua sendo empurrado com a barriga, sem prazo para a apresentação de um cronograma. É a velha política do “vamos resolver, mas não agora”.
A reação dos professores foi certeira: rejeitar o parcelamento e manter a greve. Afinal, aceitar essa proposta seria abrir um precedente perigoso e legitimar o descaso da gestão estadual. A Assembleia Geral do Sinte/RN mostrou que a categoria não está disposta a engolir mais esse golpe.
O discurso de Fátima Bezerra como “defensora da educação” se esfarela diante da realidade. Enquanto os professores lutam pelo básico, o governo prefere tergiversar e aguardar um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE), como se não fosse sua responsabilidade direta honrar os compromissos. E a pergunta que ecoa entre os profissionais da educação e a sociedade é: se o governo não consegue garantir o pagamento do piso salarial, como esperar melhorias na qualidade do ensino?
A greve continua e, pelo que tudo indica, continuará até que o governo saia da bolha da inércia e ofereça algo minimamente aceitável. Até lá, os professores seguem firmes, defendendo não apenas seus direitos, mas o futuro da educação potiguar.