O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se irritou com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ligado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ex-senador deixou a reunião ministerial de ontem após expor o balanço e as metas de sua pasta, e, assim, destoou dos colegas ao não participar do encontro todo – que durou nove horas e meia. À noite, o ministro embarcou para o Rio.
De acordo com relatos do núcleo duro do Executivo, Lula sentiu a falta de Silveira e determinou que ele retornasse à reunião desta quinta-feira, 15. O ministro alegou que deixou o encontro porque teve um mal-estar. O presidente disse que, se ele não estava bem, deveria ter procurado a equipe médica do Planalto, e não ido embora.
Apesar da alegação de indisposição, Silveira embarcou em um voo para o Rio, onde participaria de um jantar do Grupo Esfera Brasil no Palácio das Laranjeiras, sede do Executivo fluminense. O governador Cláudio Castro, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, era o anfitrião. O ministro, contudo, não foi ao encontro, apesar da grande expectativa por sua chegada.
Nesta sexta-feira, 16, Silveira participou do painel “Investimentos em habitação e infraestrutura energética” no Seminário Esfera RJ. Interlocutores do Palácio do Planalto desconfiam que Silveira só não foi ao evento para evitar atrito com Lula depois de ter saído mais cedo da reunião ministerial.
Silveira vem colecionando embates no governo. Ele se desentendeu com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao insistir na exploração de petróleo pela Petrobras na foz do Amazonas, apesar de o Ibama ter vetado a iniciativa. Também está em pé de guerra com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, por divergências sobre a política de reinjeção de gás em reservatórios de petróleo. Nesta sexta, o ministro afirmou preferir que Prates “feche a cara” a ver o “fracasso” do aumento da oferta de gás para a indústria.
De acordo com Lula, a reunião ministerial de ontem foi a penúltima do ano, e haverá um encontro de encerramento no final de 2023. Apesar da insatisfação do presidente, a situação de Silveira é considerada confortável. Com bom trânsito em Brasília, ele é ligado a Pacheco e ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Anastasia. Também é ex-senador por Minas Gerais, um dos principais colégios eleitorais do País. Silveira foi procurado pela reportagem, mas não retornou ao contato.
Estadão