O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está para completar 2 anos no Palácio do Planalto e seu trabalho é avaliado positivamente por 27% dos eleitores –o menor percentual em 24 meses. Esse são os que consideram o trabalho do petista “bom” ou “ótimo”. Essa taxa despencou 16 pontos percentuais desde o início do mandato, em janeiro de 2023, quando era de 43%.
Aqueles que avaliam o desempenho de Lula na Presidência como “ruim” ou “péssimo” são 33%. Na posse, eram 35%. Durante o mandato, os percentuais oscilaram dentro da margem de erro da pesquisa (2 p.p.). Atingiram o ponto mais alto em maio deste ano, quando chegou a 37%.
Há ainda 35% que declaram que o trabalho pessoal do petista como presidente é “regular”. Outros 4% não souberam responder.
O PoderData também perguntou aos entrevistados como avaliam o governo (48% desaprovam e 45% aprovam).
O conjunto dos dados desta rodada do PoderData indicam que, apesar de falar em “união e reconstrução”, o presidente não conseguiu romper a polarização e avançar sobre o eleitorado que não votou nele em 2022 (ele foi eleito com 50,90% dos votos). Pior ainda para o petista é que os números mostram que ele perdeu uma parcela do grupo que o elegeu.
Uma parte do PT acredita que todo esse inferno astral seja culpa da comunicação. O próprio presidente já disse haver erro seu na área e declarou ser necessário fazer “correções”.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os dados foram coletados de 14 a 16 de dezembro de 2024, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 192 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.
Avaliação positiva de governadores da direita é desafio para Lula
Uma tendência e um desafio para os governadores que buscam se chancelar como os herdeiros de um contingente eleitoral significativo do espólio de Jair Bolsonaro (PL) podem ser constatados a partir do último levantamento a respeito da aprovação das gestões estaduais feito pela consultoria Quaest.
Se o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda se posiciona como favorito contra os não incumbentes, a alta taxa de aprovação de candidatos à direita em estados governados por estas lideranças pode ameaçar a continuidade de uma gestão petista — ainda mais se o candidato do PT em 2026 não for o próprio Lula.
Em Goiás, por exemplo, segundo a Quaest, o já declarado pré-candidato à presidência da República Ronaldo Caiado (União Brasil) é aprovado por nada menos do que 88% da população.
No Paraná, Ratinho Júnior (PSD) tem 81% dos eleitores aprovando a atual gestão. Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) gozam de aprovação de 64% e 61% dos eleitores, respectivamente.
Nestes estados sob gestões à direita, apenas em Minas Gerais Lula tem aprovação superior à rejeição. Lá, o atual governo é aprovado por 51% e rejeitado por 47% — número inferior ao de Zema.
Em Goiás, a gestão petista é rejeitada por 56% dos eleitores e aprovada por 41%. Em São Paulo, 55% dos eleitores avaliam a gestão de Lula negativamente. No Paraná, 53% reprovam o atual governo, ante 44% que o aprovam.
Segundo Guilherme Russo, diretor de Inteligência da Quaest, “os quatro governadores são muito bem avaliados em seus estados. Obviamente, Paraná e Goiás tem populações menores, têm um peso menor do que uma boa avaliação de Tarcísio, por exemplo, que governa um estado muito populoso”.
Se as eleições municipais chancelaram partidos do centro e da direita como os grandes vencedores, a falta de unidade para chancelar um candidato do campo opositor ao governo Lula apresenta-se como a maior dificuldade do campo da direita.
O MDB e o PSD foram os partidos que mais elegeram prefeitos em capitais e vão governar mais de 26,8 milhões de habitantes. O União Brasil vem logo em seguida, à frente do PL, do PP, do Podemos e do Republicanos.
O PT governará apenas uma capital a partir de 2025. O Centrão vai administrar cerca de 62% dos municípios brasileiros.
Com Jair Bolsonaro inelegível, a miríade de pré-candidaturas ou pleiteantes — ou a ausência sólida de qualquer uma — é o principal entrave para que o campo conservador se posicione de forma mais efusiva em torno de apenas um candidato.
Mas a avaliação extremamente positiva dessas gestões acende um alerta no Palácio do Planalto e consolida a possibilidade de uma candidatura sólida caso uma dessas lideranças consiga nacionalizar seu nome a menos de dois anos do próximo pleito.
“Esses nomes esperam ainda o cenário que envolve se Bolsonaro se mantém inelegível ou não. Essa é uma primeira dificuldade, para não se indispor com ele ou virar alvo do governo. A segunda dificuldade: se tornar conhecido fora de seu estado, mas com projeção positiva. Ao fazer isso, tem que tomar cuidado para não parecer ‘candidato demais’” e ser criticado por quem apoia Bolsonaro”, afirmou Russo.
Caso o campo da direita consiga superar suas divisões e consolidar uma candidatura única e competitiva, a força dessas lideranças estaduais pode criar um cenário eleitoral altamente desafiador para o PT em 2026. O desempenho dos governadores à direita não só evidencia o descontentamento com a atual gestão federal em regiões estratégicas, mas também sinaliza a possibilidade real de uma nova alternância de poder — especialmente se Lula não estiver na disputa.
Diante de uma tendência à direita e um agravamento das contas públicas que deve ser sentido pela população nos próximos anos, a partir de decisões erráticas do ponto de vista fiscal, o Planalto precisará reforçar suas alianças e ampliar sua base de apoio para conter o avanço conservador e evitar que a popularidade desses governadores se converta em uma derrota eleitoral para o PT.
Governo faz 2 anos com recorde na desaprovação
O 3º governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está para completar 2 anos com o dólar cotado acima de R$ 6 e com taxa recorde de desaprovação. Dados da pesquisa PoderData realizada de 14 a 16 de dezembro de 2024 mostram que a administração petista é desaprovada por 48% dos brasileiros – o maior percentual em 24 meses.
Além de ser o maior percentual de desaprovação registrado desde o início do mandato, em janeiro de 2023, a taxa também ficou numericamente acima do percentual de aprovação, que está em 45%. Há um empate técnico, pois a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A taxa de percepção negativa do governo avançou 9 pontos percentuais desde a posse de Lula: foi de 39% a 48%. Já a avaliação positiva do governo caiu 7 pontos percentuais em 24 meses, de 52% para 45%.
É a 2ª vez que a desaprovação supera numericamente (ainda que dentro da margem de erro) a aprovação do governo. A 1ª vez foi em maio de 2024, quando o Lula 3 era desaprovado por 47% e aprovado por 45%. Naquele período, logo depois da pesquisa, o presidente fez um esforço intensivo de marketing em função das eleições, visitando diversas cidades e anunciando e inaugurando obras.
Na pesquisa seguinte, em julho, reverteu –mesmo que timidamente e dentro da margem de erro do levantamento– a percepção negativa. Agora, sem eleições, com limitações para viajar por causa dos problemas de saúde recentes e piora nos indicadores econômicos, o cenário é diferente.
O governo entra em seu 3º ano com alguns desafios para recuperar a popularidade. Dentre eles, enfrentar a alta do dólar, que está acima de R$ 6, por causa das incertezas fiscais; controlar a inflação, que deve fechar o ano acima do teto da meta; e colocar um freio nos gastos públicos. Todos esses indicadores pressionam os preços e, consequentemente, influenciam no humor da população com o governo de turno.
Tribuna do Norte