A engrenagem emperrada da Previdência estadual
Segundo o presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (IPERN), Nereu Linhares, o déficit previdenciário do Rio Grande do Norte ultrapassa a marca dos R$ 150 milhões por mês. É um rombo que, no acumulado anual, chega a aproximadamente R$ 1,8 bilhão – recursos que poderiam ser destinados a obras de infraestrutura, saúde, segurança e desenvolvimento, mas que se perdem no buraco negro da má gestão previdenciária.
O mais alarmante é que, mesmo após a reforma estadual da Previdência, vendida pelo governo como solução para “garantir equilíbrio”, o impacto nas contas continua devastador. O próprio IPERN admite que, se nada for feito, a pressão só se estabilizará por volta de 2035. Ou seja, mais de uma década de sufoco financeiro à frente.
Folha salarial: o peso que imobiliza o Estado
A folha de pagamento dos servidores ativos, inativos e pensionistas consome uma fatia gigantesca da receita corrente líquida do estado. Na prática, isso significa que o governo do RN funciona com margem mínima para investimentos e praticamente sem capacidade de resposta rápida a emergências, como crises na saúde ou na segurança pública.
O resultado dessa equação é trágico: enquanto outras unidades da federação avançam em obras, inovação e atração de investimentos, o RN permanece estagnado, com a máquina pública inchada, lenta e incapaz de dar respostas à população.
A responsabilidade política
Não há como terceirizar a culpa. A governadora Fátima Bezerra assumiu o mandato com discurso de mudança e recuperação das finanças, mas seu governo se limitou a medidas paliativas e ajustes superficiais. A falta de ousadia para enfrentar de fato a crise previdenciária e a incapacidade de cortar privilégios consolidaram um modelo caro, ineficiente e insustentável.
O resultado? Um estado que gasta mais para se sustentar do que para se desenvolver, condenando os potiguares a conviverem com estradas esburacadas, hospitais sucateados e segurança em colapso.